A reação dos líderes da base aliada é de surpresa diante do
resultado da votação do projeto de redistribuição dos royalties do petróleo na
noite desta terça-feira (6), na Câmara dos Deputados. Para a líder do PCdoB,
deputada Luciana Santos (PE), prevaleceu os interesses locais e regionais. Ela
destacou que o Partido votou com o relatório do deputado Carlos Zarattini
(PT-SP), que destinava 100% dos recursos do pré-sal para educação.
Agência Câmara
Para o relator da matéria na Câmara, uma manobra política impediu
a votação do seu parecer.
“Nós do PCdoB votamos com o relatório do Zarattini, porque
compreendemos que esse era um projeto mais equilibrado e levava em conta as
preocupações da presidenta Dilma em garantir fontes de recursos para alcançar a
meta dos 10% do PIB (Produto Interno Bruto) para a educação”, explicou a líder
comunista.
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educação
Ela disse ainda que com a aprovação do texto, a educação foi
também prejudicada com a destinação de 50% do fundo social para educação, que
estava no relatório do Zarattini. “Tudo caiu por terra”, lamenta, acrescentando
que a votação do projeto do Senado “não deixa de ser um passo adiante à medida
que se vota distribuição mais equânime dos royalties do petróleo”.
O líder da bancada do PT, deputado Jilmar Tatto (SP), também
lamentou a decisão do plenário. “A Câmara perdeu uma oportunidade histórica de
destinar recursos para financiar a educação no país e o desenvolvimento
sustentável, o que iria beneficiar as gerações futuras do Brasil”, afirmou
Tatto.
O líder do governo na Câmara, deputado Arlindo Chinaglia
(PT-SP), avaliou que o texto do Senado não contempla a essência da proposta
discutida amplamente durante oito meses. “Primeiro, destinar os recursos dos
royalties integralmente para a educação. Além disso, queremos respeitar
contratos e eu não sei se o texto do Senado, na interpretação sobre esse tema,
respeita os contratos. Eu não sei”, observou.
"Minha expectativa é que a presidenta Dilma vete. Isso
é a quebra do pacto federativo", afirmou a deputada Rose de Freitas
(PMDB), vice-presidente da Câmara, destacando que o projeto do Senado é mais
prejudicial aos estados produtores como Rio de Janeiro e Espírito Santo que o
relatório de Zarattini.
Manobra política
Para o relator da matéria na Câmara, que vinha costurando um
acordo em torno da destinação dos 100% dos recursos do pré-sal para a educação,
uma manobra política impediu a votação do seu parecer. Zarattini, que durante
mais de um ano construiu um relatório fruto de diversas reuniões com as bancadas
de estados produtores e não produtores de petróleo, culpou a Confederação
Nacional dos Municípios (CNM) pela derrota do seu relatório.
Ele disse que a entidade dirigida pelo gaúcho Paulo
Ziulkoski distribuiu uma tabela falsa, mostrando que haveria receita maior para
municípios não produtores, pelo projeto do senador.
"Foi um atraso para o país, um processo de divisão do
Brasil, porque vão acirrar muito as relações federativas no Brasil. Alguns
partidos como o PDT, PR, PTB, que nós consideramos que votariam com a gente,
porque nós fizemos um projeto que atendia as reivindicações deles, mudaram de
opinião a partir de uma tabela que é equivocada e que não é real, e vai levar a
uma derrota mais a frente", afirmou o petista.
De Brasília
Márcia Xavier
Com agências
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