Depois do episódio de Juiz de Fora, a chamada grande mídia
vem pontificando que a campanha presidencial passou a ser categoricamente uma
outra. Dia e noite, noite e dia, tenta beatificar Jair Bolsonaro.
É obvio que a campanha foi impactada, fortemente, pelo que ocorreu na cidade
mineira. Daí a dizer que há uma metamorfose, mudança de qualidade entre as
candidaturas em disputa, daí quase colocar a faixa presidencial no candidato
agredido, são coisas bem diferentes.
Houve um
unânime e veemente repúdio à violência, uma demonstração cabal de que
atos como esse são intoleráveis, uma manifestação unitária de grande
importância porque indicou que a saída para a grave crise do Brasil passa pelas
eleições, pela garantia do pleno exercício da soberania popular, o sagrado
direito do voto.
A quem interessa a violência? A quem interessa inundar a campanha com a lama
podre da intolerância e do ódio? A quem interessa o uso de métodos das
cavernas, das abomináveis práticas das ditaduras para dirimir divergências
políticas?
A resposta é uma só.
Às mesmas forças que no curso da escalada golpista abriram as catacumbas das quais
evaporaram miasmas do reacionarismo e do fascismo.
Ódio, intolerância, violência servem a quem interessa calar o debate de ideias,
de projetos, uma vez que seus projetos não passam na goela do povo.
É também uma candidatura de matriz fascista, pregoeira do autoritarismo, da
intolerância, do racismo, da misoginia, da homofobia e apologista da violência.
Independente da forma que sua campanha tomar, Bolsonaro segue representante de
uma grave ameaça, a ser desmascarada, combatida e derrotada.
Do mesmo modo, esse episódio condenável não altera a disposição das peças no
tabuleiro do xadrez eleitoral, com o tucano Geraldo Alckmin também
representando o programa entreguista nocivo à soberania nacional e contrário
aos direitos do povo do governo golpista do presidente Michel Temer, embora ele
e seu partido, o PSDB, tentem negar.
Aécio Neves, Eduardo Cunha, Michel Temer, Alckmin estiveram na linha de frente
do golpe que entronizou este programa do golpe, o mesmo propagado pelo
candidato tucano na campanha. Um eventual governo do PSDB teria exatamente a
mesma cara deste conduzido por Temer.
São projetos bem definidos, com conteúdo amplamente conhecido, que se
contrapõem às ideias do campo democrático e progressista. Esse antagonismo
precisa ser bem debatido.
O inaceitável ato de violência já citado não pode tirar o povo da campanha. O
amplo debate deve ter prosseguimento, com ativa participação popular. As forças
reacionárias irão semear o medo para tentar afastar o povo dos atos e
atividades de campanha.
Por isto é preciso ter muita atenção para não se deixar envolver em
provocações, tampouco negligenciar a adoção de medidas preventivas, legais, que
ameacem o saudável ambiente de reconciliação com a democracia que deve reger as
eleições.
O campo democrático e suas candidaturas progressistas, compromissadas com a
soberania da nação e com os direitos do povo, devem estar atentos, levando em
consideração a gravidade desse acontecimento para direcionar a agenda da
campanha no leito do debate de ideias. Com o amplo envolvimento do povo,
dialogando com firmeza sobre a importância da restauração da ordem democrática
e das políticas desenvolvimentistas, é possível, sim, conquistar a quinta
vitória do povo nas eleições de outubro de 2018.