quarta-feira, 30 de abril de 2014

#NãoSomosTodosMacacos

Li os seguintes textos em relação ao momento polêmico causado pela atitude racista da torcida espanhola contra o jogador Daniel Alves e a consequente reação do mesmo, comer a banana: " Contra o racismo nada de bananas, nada de macacos, por favor!" de Douglas Belchior; "Por que comparar negros a macacos não deve ser motivo de piada" do blog "Cúlti & pópi" e; " O insulto macaco: uma breve história de um insulto racista" de James Bradley. Todos os três sem exceção são esclarecedores e com certeza defendem uma visão de mundo que verdadeiramente luta contra o racismo! 
Os dois primeiros textos trazem como base inicial para a escrita, o texto de Bradley (2013), e é nesse texto que está a afirmação, o que é tratado por Belchior e C& P, que me traz mais uma vez, uma dura realidade das escolas brasileiras: a total inércia e incapacidade de tratar a igualdade racial e consequentemente o racismo. Bradley escreveu:

                                                     "O sistema educacional não faz o suficiente para nos educar sobre a                                                                 ciência ou a história do ser humano, porque se o fizesse, nós viveríamos  o                                                      desaparecimento do uso do macaco como insulto.”

Isso mostra como são as unidades escolares: instituições de ensino e professores preocupados constantemente com os conteúdos escolares; com as avaliações institucionais, bônus, prêmios de bom desempenho; cobranças de seus superiores por projetos sem lógica(da pedagogia de projetos); desvalorização; falta de materiais e infraestrutura; mas principalmente má formação inicial e contínua. Os cursos tanto de Pedagogia como os que formam os especialista em outras áreas como Matemática, Geografia e outros não trabalham efetivamente a História Africana e Afro - Brasileira, bem como não estruturam o aluno e futuro profissional de como iniciar um trabalho com crianças e jovens relacionado a isso.
Muitas escolas e a maioria dos professores não tem se quer conhecimento  da lei n.º 10.639/2003  que altera a LDB  incluindo no currículo oficial a obrigatoriedade do Ensino de História e Cultura Afro - Brasileira e consequentemente  suas Diretrizes Curriculares.
Quem está lendo pode até pensar " o escritor está exagerando", não! O escritor não está exagerando.
Esta temática, infelizmente, fica restrita há duas datas: o Treze de Maio - abolição e; o Vinte de Novembro  - Zumbi dos Palmares. E em segundo plano, pois na primeira data trata - se mais dos abolicionistas e da Princesa Isabel e na segunda restringe - se a pessoa de Zumbi.
Bradley é feliz quando escreve que "o sistema educacional não faz o suficiente para nos educar sobre a ciência ou a história do ser humano". A ciência e a história ficam restritas a fatos e personagens, experiências e textos. Não há reflexão sobre as atitudes destes personagens, não há discussão sobre o que levou a humanidade a cometer tantos erros exemplificados em guerras.
Ciência e História e Ser humano são apenas palavras que representam questões complexas e "chatas" para os professores e estudantes.
A escola atual reafirma o preconceito e os professores são levados sem resistência a auxiliar nessa reafirmação, construindo assim, para o nosso desespero mais seres humanos racistas desinformados que manipulados pela mídia vão considerar atitudes como a de Daniel Alves a correta.



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