segunda-feira, 19 de dezembro de 2011

Protógenes consegue assinaturas para CPI e tucanos reagem

Apenas uma semana, dois brasileiros que honram sua pátria e milhares de militantes teclando suas armas da guerra virtual. Começou com o jornalista Amaury Ribeiro Junior, que, no sábado colocou nas livrarias seu livro A Privataria Tucana. Na terça, o deputado Protógenes Queiróz (PCdoB-SP) começou a recolher as assinaturas para a instalação de uma CPI para apurar as revelações do livro, o esquema de corrupção montado durante as privatizações do governo Fernando Henrique.


O que se percebe sete dias depois é que a conjuntura política brasileira pode mudar bastante com essas corajosas atitudes desses dois honrados brasileiros. Os tucanos, que até aquele momento empunhavam suas vassourinhas exigindo da presidente Dilma continuar o que apelidaram de “faxina”, foram para a mais completa defensiva. 

Quando o livro foi publicado, a atitude dos líderes do PSDB era fingir que nada estava acontecendo, impondo esse silêncio aos seus partidos aliados, incluindo o PIG (Partido da Imprensa Golpista), que não publicou uma mísera linha sobre o assunto durante seis dias. 

Um dia que vale anos

Na quinta-feira (15) tudo mudou, o que faz daquele dia um dos mais agitados dos últimos anos na vida política do país. No fim da tarde, veio o anúncio de que Protógenes Queiróz, com o apoio de Brizola Neto (PDT-RJ), conseguiu juntar 173 assinaturas para a instalação da CPI da Privataria Tucana, duas a mais que o mínimo necessário. 

O recolhimento foi feito em apenas dois dias, informa Protógenes ao Vermelho, avisando que pode chegar a mais de 250 assinaturas no início da próxima semana. “Tem muita gente que vai assinar ainda. No PT, apenas a metade da bancada deu apoio até agora. Mesmo assim, já vou protocolar o pedido de abertura da CPI na próxima terça-feira (20)”. 

O deputado diz que tem muitos documentos que podem ser desarquivados durante a investigação. Avisa também que mesmo com a perspectiva de iniciar a CPI, já vai pedir na próxima semana que Amaury Ribeiro Junior seja recebido em uma Audiência Pública na Comissão de Constituição, Justiça e Cidadania da Câmara, na qual Protógenes representa o PCdoB. 

Desceu do poleiro

Com as assinaturas nas mãos de Protógenes, não deu mais para o PSDB fingir de morto. A ação na internet de milhares de brasileiros, que fez o assunto Privataria Tucana o mais comentado dos últimos dias, contribuiu para fazer com que os tucanos descessem do poleiro e se manifestassem. 

O próprio José Serra, que no livro é apresentado como o grande beneficiário do esquema de corrupção, emitiu uma nota através de sua assessoria: "Trata-se de uma coleção de calúnias que vem de uma pessoa indiciada pela Polícia Federal. Isso é crime organizado fingindo ser jornalismo", afirmou sobre o livro. 

Fernando Henrique foi outro que emitiu nota contra o que também chamou de calúnias. “Quero deixar registrado meu protesto e minha solidariedade às vítimas da infâmia e pedir à direção do PSDB, seus líderes, militantes e simpatizantes que reajam com indignação”. Também o presidente do PSDB, Sérgio Guerra, publicou pronunciamento no mesmo rumo. 

Finalmente

O outro partido, o mais forte da oposição brasileira, recebeu a ordem para abrir a boca e também parar de fingir de morto. O Partido da Imprensa Golpista (PIG) finalmente foi obrigado a se manifestar sobre o livro do Amaury Ribeiro Junior. 

O primeiro foi a Folha de S. Paulo, que na edição de quinta-feira trouxe uma matéria, que inusitadamente não traz assinatura de repórter o que leva a crer que ou foi escrita pelo dono do jornal Otávio Frias Filho ou veio direto do advogado do PSDB. Com a liberação do PSDB para cobrir o episódio, claro, à sua maneira, vários órgãos de imprensa nesta sexta-feira trazem matérias falando do livro. 

Ninguém sabe onde essa história vai terminar. O que se pode prever é que os próximos dias serão agitados em Brasília e no país. Finalmente, depois de mais de uma década, o país pode conhecer a real história de como, já dizia Chico Buarque, a “nossa pátria foi subtraída em tenebrosas transações”. 

De Brasília, 
Kerison Lopes

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