segunda-feira, 19 de dezembro de 2011

Projeto capacita pescadores e agricultores em Mato Grosso

Pescadores do Rio Paraguai, em Cáceres, com idades que variam de 30 a 80 anos, fazem curso de alfabetização e do ensino fundamental com profissionalização na área em que já trabalham (foto: guiadapesca.com.br)Pescadores do Rio Paraguai e pequenos agricultores de uma comunidade tradicional do município de Cáceres, em Mato Grosso, são protagonistas de projeto de alfabetização de jovens e adultos e ensino fundamental combinado com educação profissional, ganhador da Medalha Paulo Freire de 2011. O projeto Proeja-Fic, que reúne as duas comunidades, é desenvolvido há dois anos pelo Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia de Mato Grosso, em Cáceres. 

Estão envolvidos no projeto 138 pescadores e 68 agricultores. O curso completo tem duração de quatro anos e meio, com certificação correspondente ao ensino fundamental.

De acordo com a coordenadora do projeto, Inêz Aparecida Deliberaes Montecchi, o Proeja-Fic [Programa Nacional de Integração da Educação Profissional com a Educação Básica na Modalidade de Educação de Jovens e Adultos na Formação Inicial e Continuada Integrada com Ensino Fundamental] oferece dois cursos. Um com cinco turmas de pescadores, piloteiros de barcos e cozinheiros de hotéis e restaurantes da orla do Rio Paraguai. O outro reúne pequenos produtores rurais de Vila Aparecida, distante 50 quilômetros do centro urbano de Cáceres.

Para os pescadores, que têm idade de 30 a 80 anos, o instituto federal criou curso de alfabetização e ensino fundamental com profissionalização na área de pescados. A parte profissionalizante compreende uma série de itens, como coleta de peixes, limpeza, conservação, alimentação e segurança do trabalho. O curso é intensivo no período do defeso — época do ano em que a pesca é proibida —, que vai de novembro a fevereiro, com aulas das 17 às 21 horas, e de março a outubro, com aulas mensais em acampamentos à beira do rio.

De acordo com Inêz, as atividades dos alunos são acompanhadas pelos professores, nesses acampamentos, durante os oito meses de pesca liberada. No transporte, são usados dois barcos, de 6 metros de comprimento e motor de 20 HP, adquiridos pelo instituto com recursos da Secretaria de Educação Profissional e Tecnológica (Setec) do Ministério da Educação. O acampamento mais distante fica próximo da reserva ecológica Paiamã, a quatro horas de barco a partir de Cáceres.

Trabalham com os pescadores cinco professores da Secretaria de Educação de Cáceres, parceira do projeto. Eles abordam o conteúdo das disciplinas básicas do ensino fundamental. Outros cinco professores do instituto ensinam o conteúdo de educação profissional na área de pescados.  Conforme a coordenadora do projeto, os 138 pescadores já estão alfabetizados.

Agricultores — O curso para os agricultores da Vila Aparecida tem o mesmo núcleo básico do ensino fundamental agregado à formação profissional em processamento de produtos de origem animal — produção de leite, queijo, iogurte, linguiça e hambúrguer; higiene e manipulação; perigos da reprodução de bactérias e contaminação.

As aulas acompanham o período letivo convencional, ministradas das 17h30 às 21h30 — o horário foi escolhido pelos alunos. Segundo Inêz, 23 alunos de uma das três turmas que iniciaram as aulas em janeiro receberão certificados em fevereiro próximo. Os demais, todos já alfabetizados, seguem com as aulas e a formação profissional.

Na Vila Aparecida, as aulas de alfabetização e das disciplinas do ensino fundamental são ministradas por seis professores do município. A formação profissional está sob a responsabilidade de cinco professores do instituto.

Ionice Lorenzoni

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