domingo, 6 de novembro de 2011

O Chile encontra-se diante de novo ciclo de protesto social

Chile enfrenta a partir deste domingo (6) um novo cronograma de mobilizações sociais, enfocadas na crítica à institucionalidade do país, herdada da ditadura militar de Augusto Pinochet (1973-1990).


Está programada para a tarde do domingo uma manifestação pela educação pública e gratuita e exigindo um plebiscito vinculante como ato de exercício da vontade popular sobre os grandes problemas nacionais.

Em sintonia com essa exigência, na semana passada foi realizado um ato público a favor do referendo na praça de Armas desta capital.

Nessa ocasião, 118 organizações sociais entregaram ao Parlamento um projeto de Lei de Plebiscito, apresentado como um primeiro passo dentro do objetivo estratégico de avançar para a convocação de uma Assembleia Constituinte.

A agenda dos principais atores sociais no mês de novembro contempla um segundo momento de convergência na próxima quarta-feira (9), quando terá lugar uma marcha nacional para a sede do Congresso, situado na cidade de Valparaíso, a cerca de 120 quilômetros de Santiago.

Essa manifestação coincidirá com o início dos debates no poder legislativo do projeto de Lei do Orçamento 2012, criticado por setores sociais que o consideram insuficiente e favorecedor da agenda privatizadora da direita neoliberal.

Em meados de novembro, terão lugar outras duas jornadas nacionais de protesto, centradas todas na exigência de mudanças estruturais profundas no modelo sócio-político, inviáveis sem derrogar a Constituição pinochetista.

Temos que ter uma visão estratégica: este é um movimento político e nosso horizonte é maior, tem a ver com um modelo de desenvolvimento e de sociedade diferente. Para isso estamos dispostos a começar a lançar as bases de uma agenda de longo prazo, declarou nesta sexta-feira (4) a líder estudantil Camila Vallejo.

A presidente da Confederação de Estudantes do Chile (Confech) ponderou, no entanto, o sentido da luta na cojuntura atual e ilustrou com os passos a seguir frente à iminente discussão do orçamento pelo Congresso.

"O orçamento será aprovado neste mês; é preciso ter uma agenda de curto prazo para o orçamento da educação, não podemos deixar que passe sem que incidamos politicamente. Talvez não ganhemos as mudanças estruturais que queremos, mas não podemos permitir que a privatização avance", disse.

Camila Vallejo assegurou que a Confech não ficará de braços cruzados; daí a mobilização para o Congresso na próxima quarta-feira, além de uma resolução elaborada pelos estudantes na qual se interpela todas as bancadas e se sublinha o apoio de 80 por cento dos chilenos às demandas do Movimento Social pela Educação.

Vallejo admitiu no entanto que poderia prevalecer no âmbito legislativo a habitual "política de consensos", marca da questionada institucionalidade chilena.

"O que nos preocupa é que a oposição está se deixando levar pela política dos consensos na discussão do orçamento, está se configurando um cenário para um possível acordo entre os partidos dominantes, queremos evitar que isso aconteça", disse.

Segundo a reconhecida dirigente universitária, há meses se poderia ter solucionado o conflito atual se existisse o plebiscito vinculante e o país tivesse outra Constituição.

Concordaram com esse ponto de vista os representantes de agrupamentos sindicais, ecologistas, organizações gremiais e comunitárias que lotaram a Praça de Armas de Santiago na passada quinta-feira.

"É o povo quem tem que decidir o destino do Chile e a educação que quer para seus filhos; temos que derrubar esta Constituição, queremos um futuro com dignidade e direitos para todas e todos", enfatizaram.

Prensa Latina

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