sábado, 25 de agosto de 2012

Estudantes retomam protestos e entram em conflito com polícia


Milhares de estudantes voltaram a sair às ruas no Chile para pedir um ensino público gratuito e de qualidade. Em Santiago, os protestos juntaram mais de 10 mil pessoas e houve pelo menos 139 detenções, segundo as forças de segurança.



Os estudantes juntaram-se emvários locais definidos pela Assembleia Coordenadora de Estudantes do Secundário (ECES) e começaram a desfilar em direção à autarquia de Santiago, contou o diário La Tercera. A entoar palavras de ordem, com faixas e tambores, desfilaram escoltados pela polícia. Em frente à autarquia, entraram em confronto com os oficiais.

Pelo menos 139 pessoas foram detidas durante os protestos que começaram na quinta-feira, segundo um relatório preliminar apresentado por um responsável das forças de segurança, general Luis Valdés, que adiantou ter havido pelo menos 12 desfiles de estudantes em todo o país.

Vários incidentes ocorreram já na fase final dos protestos. “Houve 18 polícias feridos, três com gravidade, com fraturas, mas o balanço é positivo”, disse Valdés ao La Tercera. No centro de Santiago, os cerca de três mil manifestantes que se juntaram na Plaza de Armas, em frente à autarquia, procuraram desfilar por uma avenida principal mas a polícia impediu-os com jatos de água. O protesto passou também pela ocupação de estabelecimentos de ensino – cerca de uma dezena de escolas secundárias na capital e meia centena a nível nacional, segundo as organizações estudantis.

O protesto juntou sobretudo alunos do ensino secundário mas contou também com o apoio dos universitários que já por diversas saíram à rua. Desta vez, e tal como em protestos anteriores, pediu-se uma maior participação do Estado no financiamento do ensino público.

Para além de Santiago, houve manifestações em várias cidades do país que não tinham sido autorizadas. O movimento estudantil ressurge agora com uma mobilização nacional e novas manifestações, depois de, no ano passado, os estudantes chilenos terem saído à rua para reclamar uma educação pública gratuita e gerida pelo Governo central e não pelos municípios no caso do ensino básico e secundário, como acontece atualmente, o que, segundo as organizações estudantis, afeta a qualidade do ensino.

No final de 2011 o movimento estudantil protagonizou alguns dos mais intensos protestos dos últimos anos no Chile e obteve do governo um aumento de 10% no orçamento para a Educação. Mas algumas reivindicações não foram atendidas e, há duas semanas, os estudantes do secundário iniciaram um novo processo de mobilização que está a ser dos principais desafios ao governo de Sebastián Piñera.

A popularidade do presidente ronda agora os 27%, apesar de o crescimento econômico ser de 5,5%, segundo dados do Centro de Estudos Públicos chileno (CEP), sublinhou o El País. Ainda no último domingo, Piñera deixou um recado aos estudantes ao dizer que “no país ouve-se muito ruído e gritos, mas a forma de avançar não é com ocupações, violência ou cocktails molotov”.

Esta contestação ocorre quando faltam dois meses para as eleições municipais de Outubro no Chile. Segundo uma sondagem do CEP, divulgada na terça-feira, a educação é uma das principais preocupações dos chilenos. Só 12% da população acredita que o governo está a agir “bem ou muito bem” neste setor, segundo este estudo, enquanto 57% refere que a atuação do Executivo de Piñera é “má ou muito má”. Cerca de 30% apoia o movimento estudantil (menos 5% do que no ano passado), um apoio superior aos 23% alcançados pelo governo.

Com Público

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