segunda-feira, 16 de janeiro de 2012

'Sou grato ao Enem', diz estudante de escola pública aprovado na UFRJ

O estudante João Paulo de Carvalho Gama, de 18 anos, dedicou apenas os sábados de 2011 para estudar para o vestibular, já que de manhã cursava o último ano do ensino médio e à tarde trabalhava como aprendiz de auxiliar-administrativo. Filho de um porteiro e uma dona de casa, o estudante formado pela Escola Estadual Miguel Munhoz Filho, no Capão Redondo, bairro da Zona Sul de São Paulo, viu seu esforço ser recompensado ao ver seu nome na lista de aprovados para o curso de relações internacionais na Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) através do Sistema de Seleção Unificada (Sisu).



Ele agora planeja a viagem à capital fluminense com o amigo Michael Cerqueira de Oliveira, que também foi aprovado na UFRJ, em economia.

A UFRJ aplica a política de ação afirmativa em forma de cotas, portanto, João Paulo afirmou que disputou 18 das 60 vagas em relações internacionais com outros estudantes egressos de escolas públicas e com renda familiar abaixo de um salário mínimo nacional.

Mesmo com as dificuldades em sair da casa dos pais para fazer faculdade, o estudante se mostrava animado e otimista. "Na vida tudo é um desafio, mas a gente encara, o importante é ter fé e ir embora", disse.

Inclusão
O aluno afirmou que não teria uma oportunidade como essa se não fosse o Exame Nacional do Ensino Médio (Enem). "Sou muito grato ao Enem. Apesar de algumas falhas que ocorreram durante a correção e a aplicação [das provas], vale a pena, porque o Enem inclui o aluno de escola pública como eu dá a chance de fazer uma boa universidade, acho que isso, apesar dos problemas dele, é uma atitude que merece aplauso."

Como trabalhava, ele tinha apenas o fim de semana para estudar para os vestibulares. Acabou participando de um grupo de estudos aos sábados, idealizado pelo amigo Michael, com outros quatro colegas. "Era difícil estudar aos domingos, o corpo precisa descansar."

João Paulo acertou 110 questões no Enem 2011, de um total de 180. Pelos cálculos da disputa na UFRJ, sua média do Enem foi de 725,22, e a nota de corte para as 18 vagas da cota de relações internacionais foi 717,96.

"O que me salvou foi a redação, que tem peso maior", disse o estudante que conseguiu 960 pontos com seu texto dissertativo-argumentativo com o tema "viver em redes no século XXI: limites do público e do privado".

Agora, o aluno só consegue pensar na viagem para fazer a matrícula. Ele também espera o resultado da Universidade Estadual Paulista (Unesp), que oferece o curso de relações internacionais no campus de Franca. "Mas eu prefiro o Rio [de Janeiro], porque acho que o campo de atuação lá é maior e tem mais oportunidades."

Fonte: G1

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