quinta-feira, 16 de junho de 2011

Pedro Collor: direto do além!

Para quem não conhece essa figura, Pedro Collor, tenho apenas as seguintes palavras: é irmão do ex - presidente cassado Fernando Collor de Melo. O mesmo que mandou matar PC Farias e colocou a população brasileira numa crise econômica que muitos não resistiram. Entretanto, Pedro, teve algo naquele momento, que então vou saber explicar, e delatou seu irmão e todo o esquema de corrupção que o então presidente comandava. Por que falar dele agora? Simplesmente porque ele escreveu algo que cabe que defende de certa maneira a liberdade de expressão e mais do que isso defende o direito de as pessoas, por incrível que pareça, de conhecer a História verdadeira sem retirar e/ou omitir seus fatos. Li o texto na revista ' Carta Capital' e reproduzo a partir do endereço  http://www.blogsdoalem.com.br/pedrocollor/. Leiam , é interessante.Não precisam concordar.

INSENSATO VALE TUDO

Ao ser indagado por qual razão o impeachment sofrido por meu irmão não constava da galeria de imagens históricas do chamado Túnel do Tempo do Senado, onde são expostos fatos marcantes da política nacional, o presidente da casa, José Sarney, justificou dizendo que o episódio foi "apenas um acidente" na história do Brasil. Como sempre digo, os caras-pintadas marcaram uma época. Mas os caras de pau são permanentes. A gritaria foi grande. Vozes da imprensa se indignaram. Entidades civis repudiaram. Houve um clamor para que o absurdo fosse corrigido. Até o Fernando, atual colega de Ribamar, deve ter pedido para que seu nome voltasse para a galeria. Sua vaidade não liga para julgamentos morais.

A correção foi feita. A derrocada collorida voltou à exposição. Ótimo. Mas umas poucas tabuletas expostas num corredor do Senado não são suficientes para refrescar a memória nacional. A nação já esqueceu do arsenal de histórias inacreditáveis reveladas por mim antes e depois do impeachment. Revelações que me custaram caro. Fui processado por calúnia e danos morais. Me vi obrigado a realizar exames psiquiátricos para confirmar minha saúde mental. Sofri ameaças veladas. Mamãe me afastou do controle das empresas da família. Botei a boca no trombone porque estava sendo subtraído dos bons negócios. Eu era o irmão do presidente,mas o PC é que era tratado como brother.

Tanto sacrifício parece ter sido em vão. Os caras-pintadas, que poderiam ser portadores dessas histórias, estão ocupados demais em ganhar a vida e cuidar de suas fazendinhas nas redes sociais. Temos problemas em registrar políticos e períodos lamentáveis. O curioso é que gostamos de lembrar que não temos memória. Disso nunca esquecemos. Por isso, pensei que uma maneira de eternizar minha contribuição seria transformar as revelações em uma novela das 8. Ingredientes não faltam: briga de irmãos, traição, drogas, homossexualismo, magia negra, corrupção, crimes, chantagens, maldade explícita e núcleo pobre (população). Alguns acontecimentos teriam de ser suavizados para se tornarem críveis e adequados à faixa horária de exibição. Sacrificaríamos cenas como a dos supositórios de cocaína, mas levaríamos ao ar o primeiro beijo gay. Se Dado Dolabella não estiver ocupado batendo em alguém, poderia muito bem encarnar o protagonista.

A novela Vale Tudo é de 1988. Entrou no ar quatro anos antes do impeachment. Mesmo assim segue viva na cabeça dos brasileiros, volta e meia frequenta os Trending Topics do Twitter. Até as novas gerações sabem quem foi Odete Roitman. Estamos falando de algo que resiste há 23 anos na memória coletiva. O Fernando ficou inelegível por oito anos. Foi tirado da Presidência em 1992 e voltou a ocupar um cargo eletivo em 2006.Ou seja, apenas 14 anos depois de ter protagonizado as maiores barbaridades e ter provocado uma mobilização nacional sem precedentes.

Pode parecer uma ideia absurda. Mas me embrulha o estômago, depois de tudo que revelei, vê-lo de volta ao poder e ser protegido por seus pares. Não tem jeito, é preciso apelar para esse recurso dramático. Já tenho até uma sugestão de nome para essa possível novela: Caim Roxo. Te cuida, Aguinaldo.

Postador por: Pedro Collor

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